sábado, 6 de dezembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA nº77 Por causa de uns Cabritos (VER MAIS EM www.historiadodia.pt)


Por causa de uns Cabritos

António Torrado
escreveu

Cristina Malaquias
ilustrou


Era uma vez um homem. Era uma vez uma mulher. Encontraram-se, agradaram-se um do outro e vai daí casaram-se.
Esta história começa onde as outras acabam. Mas há mais para contar.
A mulher levou para a nova casa uma cabrinha de que nunca se apartara. O homem levou um bode, que sempre lhe fizera companhia.
Já se vê que a cabra e o bode apreciaram a ideia.

Meses depois nasceram cabritos.
- Vou vendê-los no mercado e com o dinheiro que ganhar quero comprar umas coisas para mim - disse o homem.
- E para mim? - perguntou a mulher, fazendo cara feia.
- Para ti? - admirou-se o homem. - Os cabritos pertenciam-me. A tua cabra, quando veio cá para casa, não tinha cabritos. O meu bode é que lhos fez.

Portanto, os cabritos pertencem-me. Posso fazer deles o que eu quiser.
Não era este o ponto de vista da mulher. Quando há pontos de vista opostos, há discussão. Às vezes, a discussão escorrega para zanga. Foi o que aconteceu.
Fizeram mais barulho do que deviam e os vizinhos foram queixar-se ao juiz. Ele, que sabia julgar, que decidisse daquele caso.

O juiz, um rapaz novo e bem disposto, ouviu a história, pensou um bocadinho e disse:
- Eu hoje não posso tratar desse caso, porque tenho de ir avisar a minha mãe de que o meu pai deu à luz um bebé.
Ficaram todos muito espantados. Depois, desataram a rir.
Quando o dono do bode ouviu a resposta do juiz também se riu.

E a mulher com ele. Aliás, ela ainda se riu mais. Estava tudo esclarecido.
Tempos depois, na casa do homem e da mulher que por pouco não fora abaixo por causa de uma discussão de cabritos, nasceu um menino. Dos dois, já se vê.

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