sexta-feira, 19 de setembro de 2008

HISTÓRIA DO DIA nº6 Uma de lobos e raposas (VER MAIS EM www.historiadodia.pt)


Uma de lobos e raposas

António Torrado
escreveu

Cristina Malaquias
ilustrou
- Entre a raposa e o lobo, qual é o mais forte? - já me perguntaram. Mais forte, mais forte é o lobo, mas mais esperta é a raposa.
- E o que vale mais: a esperteza ou a força? - voltaram a perguntar.
Neste ponto, respondo com a história que vão ver e ouvir.
Andava uma raposa à procura de sítio onde fazer uma casa.

Achou um terreno ao seu gosto, limpou-o das ervas e foi-se embora.
O lobo, que também andava à cata de terreno onde fazer uma casa, passou por ali, viu a clareira limpa de ervas e juntou madeira para levantar moradia. Depois, foi-se embora.
A raposa, quando voltou e viu a madeira cortada, começou a erguer as paredes.

Depois, cansou-se e foi à vida.
No dia seguinte, o lobo, ao ver as paredes da casa levantadas, pregou-lhe o telhado e fez-lhe a mobília.
Quando, por sua vez, veio a raposa e viu a casa pronta, meteu-se lá dentro.
-- Alto lá. Esta casa é minha - disse o lobo, aparecendo.
- Qual quê? Minha é que ela é - replicou a raposa.

Mas, como não estavam para armar zaragata, resolveram lá viver os dois. No entanto, quem menos se resignava com a companhia era o lobo, que, vai não vai, se punha a dizer, em voz de ameaça:
- Se eu quisesse a casa era só minha... Sim, se eu quisesse.

A raposa, que não gostava destes modos, mas não podia competir com a força do lobo, resolveu o caso assim:
Um dia, que andava no mato, encontrou um lobo morto, talvez fugido dos caçadores. A muito custo, arrastou-o para casa.
- Que aconteceu a esse desgraçado? - quis saber o lobo.

- Matei-o eu - respondeu a raposa.
- A senhora raposa? E como?
- Dizendo umas palavras mágicas para arrumar com os lobos, umas palavras mágicas, que me ensinou a minha avó. Quer saber? Começam assim "Chiri..."
- Cale-se, cale-se! Não diga mais - atalhou o lobo.
- Não quer saber?

É assim "Chiribi..."
- Cale-se que me desgraça - gritou o lobo, fugindo a sete pés.
E nunca mais apareceu lá em casa.
Afinal o que vale mais: a força ou a esperteza?

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