sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Alterações Climáticas: Municípios e empresas vão financiar projectos ecológicos contra a pobreza - ONG


A organização não governamental Oikos está a lançar uma iniciativa para levar pequenas empresas e municípios a compensar as emissões poluentes financiando projectos ecológicos que ajudem também a reduzir a pobreza nos países em desenvolvimento ou mesmo em Portugal.

João José Fernandes, director-geral executivo da Oikos, explicou à agência Lusa que este projecto visa convidar a sociedade civil, o poder local e as empresas de menor dimensão a mitigar o efeito das alterações climáticas investindo em projectos que tenham também impacto na redução da pobreza.

"Uma pequena empresa que produza 25 mil toneladas de carbono por ano e que fez um projecto de eficiência energética mas ainda tem 20 mil toneladas que não consegue reduzir, poderá compensar voluntariamente as suas emissões investindo voluntariamente em projectos limpos noutros países", exemplificou João José Fernandes.

A Oikos, em parceria com a Ecoprogresso, vai fazer uma selecção dos vários projectos existentes nos países em que está a trabalhar, de forma a ter uma bolsa de ideias para apresentar às empresas ou às autarquias.

O objectivo da iniciativa "Carbono Contra a Pobreza" será também financiar projectos ou instituições em Portugal, já que o país também tem carências: "Cerca de 20 por cento dos portugueses vive no limiar da pobreza".

Desta forma, as autarquias podem fazer uma contabilização das suas emissões de gases com efeito de estufa e, o que for um excedente, aplicá-lo em dinheiro (usando o preço da tonelada de dióxido de carbono) numa instituição que necessite.

"Várias podem ser as instituições a ajudar, como por exemplo uma instituição particular de solidariedade social que tenha um lar numa zona deprimida do país e que precise de mudar a sua cadeia de frio, mas tem poucos recursos para investir em equipamentos eficientes e amigos do ambiente. Um município poderá financiar esta cadeia de frio e, com esse investimento, compensar as suas emissões poluentes", explicou o responsável da Oikos.

Também as escolas poderão ser um alvo preferencial destes projectos em Portugal.

O objectivo, segundo João José Fernandes, é "fazer com que os municípios tenham planos de adaptação e mitigação às alterações climáticas, contribuindo para que reduzam também a pobreza".

Numa tentativa de dar o exemplo, a Oikos fez também um cálculo das suas próprias emissões de dióxido de carbono e aplicou o correspondente em dinheiro (3.630 euros) no financiamento de um projecto na Índia: uma central de produção de biomassa, projecto que, além de reduzir as emissões, tem contribuído para o desenvolvimento da localidade onde se encontra, nomeadamente através da criação de 650 postos de trabalho

Sem comentários: