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Era um castelo...
António Torrado
escreveu
Cristina Malaquias
ilustrou
Era um castelo,
era um novelo
Era um castelo
verde amarelo.
De sombras feito,
nas nuvens posto,
o sol toldava...
Mas que mau gosto!
Era um castelo,
um desmazelo.
Era um castelo
verde amarelo.
As arcas cheias
de pó e nada,
na sala, teias
esburacadas.
Era um castelo
que fora belo,
era um castelo
verde amarelo.
Lá dentro estava,
desencantada,
mas encantada,
muito amuada,
a dona Aranha,
dantes chamada
Dona Eduarda.
Por quem esperava
Dona Eduarda?
Era um castelo
todo em farelo.
Era um castelo
verde amarelo.
Nesta toada,
salta o valado
do tal castelo
verde amarelo,
de espada larga
branca e doirada,
um cavaleiro
muito aprumado,
Dom Eduardo
de Calatrava...
Por quem esperava
Dona Eduarda?
Ele sobe a escada,
ele abre a porta
da sala feia,
de cima abaixo
toda bordada
de pó e teia,
guerreia a aranha,
golpeia a teia,
rodeia a mesa,
e dá um espirro
com tal braveza,
de tal grandeza,
que o castelo
verde amarelo,
como um farelo,
como um novelo,
de sombras feito,
nas nuvens posto,
cai de fraqueza
e, de surpresa,
descobre o rosto,
o lindo rosto
emoldurado
num espelho fosco
da Eduarda
desencantada.
Pronta e acabada
esta toada
que roda, roda,
na tosca roda
o Eduardo, todo composto,
a Eduarda, muito composta,
rodam para a boda
sem Dom nem nada,
que o Dom não cabe
na mala-posta.
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